Poema, de Cecília Meirelles

Renova-te.  Renasce em ti mesmo.  Multiplica os teus olhos para veres mais.  Multiplica os teus braços para semeares tudo.  Destrói os olhos que tiveram visto.  Cria outros, para as visões novas.  Destrói os braços que tiveram semeado.  Para se esquecerem de colher.  Sê sempre o mesmo Sempre outro.  Mas sempre alto. Sempre longe.  E dentro de tudo.    Poema retirado da obra Cânticos de Cecília Meirelles.

Lição – Julio Cezar dos Reis Almeida

O menino estuda a lição, Dividido entre o que aprende E os sons da rua que lhes chegam pela janela. A mãe faz tricô. A vó cochila na cadeira de balanço. O menino olha a rua. A rua irresistível que o chama... Mamãe! Posso brincar? Agora, não! Primeiro termine a lição. Terminei a lição. Mamãe não faz tricô. Vovó não cochila. Fecho a janela para que o barulho da rua Não acorde as duas que dormem No tempo estático das lembranças. Mamãe, terminei! Vá brincar, mas não demore! O tempo passou, Mas as lições da existência permanecem inconclusas. Hoje me pergunto: Onde estão as plantas da minha vó? Os canteiros estão desfeitos. Onde estão os novelos de minha mãe? A lã da existência acabou, Mas deixou o amargo gosto do sol da saudade Que teima em brilhar nas lembranças. Se a lã do tempo tece o próprio novelo, A lição da ausência Aprende-se com nó na garganta Júlio Cézar dos R. Almeida é administrador, poeta e escritor. Autor de vários livros incluindo: Cecilianos, Adolescência, Raso.

Fios da Memória, de Helena Silveira e Adriana Kortlandt

O que estou lendo... e adorando! Fios da Memória: um guia para escrever a si mesmo, livro de Helena Silveira e Adriana Kortlandt que é um belo incentivo, um convite à autodocumentação, ao ato de escrever, escrever de si, da própria história.   Numa página aberta, leio agora “escrever de si é abrir casulos, desenrolar memórias como fios é tecer sua seda”  e Aldous Huxley diz que “As palavras formam os fios com os quais tecemos nossas experiências”. Ainda vou falar mais sobre tudo isso. Muito lindo!

Linguagens, de Dora Ramos

Meu coração não entende a linguagemque explica,e calcula,e conclui.Meu coraçãosó entende palavrasque dizemo quanto me satisfazes!Meu coração ignora outros nomesque tu repetespois ele sabeque nenhum outro nomete amará assim.E quando tudo issotu percebereschamarás pelo meu nome sim!Meu coração não se engana:completas tu a mimcompletas eu a ti!

Almas e borboletas, por Gilka Machado

Há certas almas como as borboletas, cuja fragilidade de asas não resiste ao mais leve contato, que deixam ficar pedaços pelos dedos que as tocam.Em seu vôo de ideal, deslumbram olhos, atraem as vistas: perseguem-nas,  alcançam-nas, detêm-nas, mas, quase sempre, por saciedade ou piedade, libertam-nas outra vez.Elas, porém, não voam como dantes, ficam vazias de si mesmas cheias de desalento...Almas e borboletas, não fosse a tentação das cousas rasas;- o amor de néctar  - o néctar do amor, e pairaríamos nos cimos, seduzindo do alto, admirando de longe!...

Para o meu poeta… um poema

"Os poemas são pássaros  que chegam, não se sabe de onde e pousam no livro que lês.Quando fechas o livro, eles alçam vôos como de um alçapão.Eles não têm pouso nem porto, alimentam-se um instante em cada pde mãos e partem.E olham então, essas tuas mãos vazias, no maravilhoso espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti." Mário Quintana.

Borboletas, de Mário Quintana

Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de se decepcionar é grande.   As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui, para satisfazer as dela.   Temos que nos bastar… nos bastar sempre e quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém.   As pessoas não se precisam, elas se completam… não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida.   Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com a outra pessoa, você precisa em primeiro lugar, não precisar dela. Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente, não é o homem ou a mulher de sua vida.   Você aprende a gostar de você, a cuidar de você, e principalmente a gostar de quem gosta de você.   O segredo é não cuidar das borboletas e sim cuidar do jardim para que elas venham até você.   No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você! Mário Quintana (1906-1994) foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro.

Minha alma tem o peso da luz, de Clarice Lispector

A minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros. Clarice Lispector foi uma escritora naturalizada brasileira. Autora de vários ensaios,  crônicas, livros como Perto do Coração Selvagem, A descoberta do mundo,  A hora da estrela, Laços de família, Minhas queridas e muitos outros

Bahia querida, de Juraci Rocha Silva

Encontrei essa poesia feita em homenagem à Bahia. Linda! "... confesso que te adoro demais, por teu perfil e carisma mil..."Sumi...Para aumentar a saudadeApareci para retribuir a felicidadeGosto demais desse pedaço de chãoSou marcado por teu amor no coraçãoConfesso que te adoro demaisPor teu perfil e carisma milMesmo ausente, não te esqueço jamaisMusa do meu coração, musa do BrasilEm tuas ruas de cores festivasDo teu povo que é alegre convivaVejo nos rostos felizes e faceirosO perfil de um povo brasileiroTudo em ti é grande demaisPalavra do teu filho amadoSou de ti um valente soldadoJuro! Não te esquecerei jamais