Lição – Julio Cezar dos Reis Almeida

O menino estuda a lição,Dividido entre o que aprendeE os sons da rua que lhes chegam pela janela.A mãe faz tricô.A vó cochila na cadeira de balanço.O menino olha a rua.A rua irresistível que o chama...-Mamãe! Posso brincar?-Agora, não! Primeiro termine a lição.Terminei a lição.Mamãe não faz tricô.Vovó não cochila.Fecho a janela para que o barulho da ruaNão acorde as duas que dormemNo tempo estático das lembranças.-Mamãe, terminei!-Vá brincar, mas não demore!O tempo passou,Mas as lições da existência permanecem inconclusas.Hoje me pergunto:-Onde estão as plantas da minha vó?Os canteiros estão desfeitos.-Onde estão os novelos de minha mãe?A lã da existência acabou,Mas deixou o amaro gosto do sol da saudadeQue teima em brilhar nas lembranças.Se a lã do tempo tece o próprio novelo,A lição da ausênciaAprende-se com nó na garganta

Existe uma estória sobre os anjos: mensagem que é um presente!

Já recebi e recebo mensagens lindas de meus amigos; algumas ficam guardadas para sempre e são inesquecíveis como essa, escrita especialmente pra mim e que fala de anjos. Muito linda!   Existe uma estória sobre os anjos. Eles seriam - e são - fiéis e diligentes mensageiros da Divindade. Se tivermos olhos, ouvidos e coração abertos, essas mensagens chegarão ao nosso entendimento; mesmo por intermédio de pedras em que tropeçamos. As "lágrimas" de nossas "dores" limitam nossos ouvidos, olhos e coração - assim, não entendemos nem acolhemos essas preciosas mensagens. Nos momentos dor, as mensagens transmitidas são as mais necessárias. Nos momentos de felicidade, as mensagens mais agradáveis são festejadas conosco. Os anjos que lhe trazem as mensagens da Vida estão sempre ao seu lado: levante a cabeça e olhe ao seu redor! Todas essas pessoas são anjos, cada um com uma mensagem especial para você. Tente entender cada mensagem, interpretando a linguagem de cada anjo, e restabeleça seu diálogo com a Causa primeira e única de tudo. Assim, a estória que contam irá tornar-se a sua história

Caderno de recordações – Curso Normal/Bom Jesus da Lapa/BA

Transcrevi esse texto do meu caderno de recordações. Foi escrito carinhosamente por Jerusa, uma colega da minha turma do 3º ano normal do Colégio São Vicente de Paulo, em Bom Jesus da Lapa, no ano de nossa formatura, 1973. Minha amiga depois de todos esses anos, confesso pra você, que é preciso e necessário sonhar... A vida é uma eterna repetição de acontecimentos, uma reprise de coisa, umas agradáveis, outras, não. Mas todas elas ficam guardadas dentro da gente. Quantas vezes a gente precisa parar para pensar, refletir, recordar... Quando isso acontece nos transportamos para outro mundo e é aí que vamos, através de um retrospecto, ver o errado ou o certo. Lembrar é uma bela coisa, uma opção... podemos dizer. Buscamos diante de uma conformidade viver de maneira satisfatória para que os fatos acontecidos nos tragam alguma coisa de verdadeiro e de real. E depois sonhamos, sonhamos e pronto: as velhas histórias voltam e nos fazem recordar. Tudo isso faz parte da minha história, da sua e da de todos nós. Lembre-se, escute, adormeça e sonhe, porque é preciso é necessário sonhar.

Relembrando Artur da Távola em Amor Maduro

O amor maduro não é menor em intensidade.Ele é apenas silencioso. Não é menor em extensão.É mais definido colorido e poetizado.Não carece de demonstrações: Presenteia com a verdade do sentimento.Não precisa de presenças exigidas:amplia-se com as usências significantes.O amor maduro tem e quer problemas, sim, como tudo.Mas vive dos problemas da felicidade.Problemas da felicidade são formastrabalhosas de construir o bem, o prazer.Problemas da infelicidade não interessam ao amor maduro.Na felicidade está o encontro de peles, o ficar com o gosto da bocae do cheiro do outro - está a compreensão antecipada, a adivinhação,o presente de valor interior, a emoção vivida em conjunto,os discursos silenciosos da percepção, o prazer de conviver,o equilíbrio de carne e de espírito.O amor maduro é a valorização do melhor do outroe a relação com a parte salva de cada pessoa.Ele vive do que não morreu, mesmo tendo ficado para depois,vive do que fermentou criando dimensões novaspara sentimentos antigos, jardins abandonados, cheios de sementes.Ele não pede, tem.Não reivindica, consegue.Não percebe, recebe.Não exige, oferece.Não pergunta, adivinha.Existe, para fazer feliz.O amor maduro cresce na verdade e se esconde a cada auto-ilusão,basta-se com o todo do pouco. Não precisa e nem quer nada do muito.Está relacionado com a vida e por isso mesmo é incompleto,por isso é pleno em cada ninharia por ele transformada em paraíso.É feito de compreensão, música e mistério.É a forma sublime de ser adulto e a forma adulta de ser sublime e criança.É o sol de outono: nítido, mas doce.Luminoso, sem ofuscar.Suave, mas definido.Discreto, mas certo.

Mãinha…

Escolhi uma poesia desse livro do meu marido, para homenagear a todas as mamães que passarem por aqui... Que Papai do Céu abençoe imensamente a vida de vocês... Mãinha me dá uma lua! Meu lindo a lua é muito grande Toma as minhas mãos. Mãinha me dá um sol! Meu dengo o sol é muito quente E pode queimar o teu coração Toma a minha paixão. Mãinha me dá um caminho! Meu filho na vida há muitos caminhos, Como saber aquele que tem a medida certa dos teus pés. Fica com o meu coração Durma e sonhe com a ilusão. Mãinha, me dá um beijo e me deixa ficar no teu colo! Vem meu filho, vem, vem dormir e sonhar, Que eu te dou meus braços, meu calor E minha proteção. Mãinha...  

Feliz Páscoa!

PÁSCOA,Tempo de amor, de União e de Paz.Tempo de esperança, de fé e confiançaTempo de refletir e perdoarTempo de lembrar com amor e apreciaçãodas pessoas que fazem diferença em nossas vidas...Páscoa é nascimento,É recomeçoÉ uma nova chance para melhorarmos as coisas que não gostamos em nós!

Lua Nua – poesia de Julio Cézar

Uma lua nuaBailou no céuDe uma noite que cheirava a cravo e a mel.Queria mostrar o seu encantoPara isto se desfez do seu véu.E nua,Na noite pintada de breu,Dançou para os olhos meus.Testemunhas como eu,Uma multidão de estrelasAplaudiu os passos seus.Como palco,A lua bailarina tinha o firmamento.E como foco de luz,Os meus olhos atentos.A paixão loucaEntre a lua e o poetaDurou pouco.Porém, marcou o meu coraçãoBem no fim do mundo.Esse balé, rico de graça e de luz,Ficará gravado na minha menteA vida inteira.Se te deu água na boca,Feche os olhos,Abra a caixa de sonhos e deixe a ilusão voar...É assim que se aprende a amar.

Poema de Natal – Vinícius de Moraes

Adoro Vinícius de Moraes e dele encontrei esse poema, um poema de Natal: "Para isso fomos feitos: Para lembrar e ser lembrados Para chorar e fazer chorar Para enterrar os nossos mortos — Por isso temos braços longos para os adeuses Mãos para colher o que foi dado Dedos para cavar a terra. Assim será nossa vida: Uma tarde sempre a esquecer Uma estrela a se apagar na treva Um caminho entre dois túmulos — Por isso precisamos velar Falar baixo, pisar leve, ver A noite dormir em silêncio. Não há muito o que dizer: Uma canção sobre um berço Um verso, talvez de amor Uma prece por quem se vai — Mas que essa hora não esqueça E por ela os nossos corações Se deixem, graves e simples. Pois para isso fomos feitos: Para a esperança no milagre Para a participação da poesia Para ver a face da morte — De repente nunca mais esperaremos... Hoje a noite é jovem; da morte, apenas Nascemos, imensamente." Vinícius de Moraes foi um poeta, dramaturgo, cantor e compositor brasileiro, jornalista e diplomata. Autor de vários livros, poemas e canções. Livros como O caminho para a distância. Forma e exegese, Novos poemas, Antologia poética, Para viver um grande amor dentre outros.

Sobre o livro, de João Cabral de Melo Neto

Silencioso: quer fechado ou aberto, incluso o que grita dentro; Anônimo: só expõe o lombo, posto na estante, que apaga em pardo todos os lombos; Modesto: só se abre se alguém o abre, e tanto o posto do quadro na parede, aberto a vida toda, quanto da música, viva apenas enquanto voam suas redes. Mas apesar disso e apesar de paciente (deixa-se ler onde queiram) Severo: exige que lhe extraiam, o interroguem e jamais exala: fechado, mesmo aberto.