Não te prendas ao passado…
“Não te prendas ao passado, nem às recordações tristes
Não abras a ferida que já cicatrizou
Não relembres das dores e sofrimento antigos
O que passou, passou…
A partir de agora, concentre-se em construir uma nova vida
orientada ao alto
Faça como o sol que nasce a cada dia,
Sem pensar na noite que passou.
Vamos, levanta…
porque a luz do sol está lá fora!”
Espaço curvo e finito, de José Saramago
Oculta consciência de não ser,
Ou de ser num estar que me transcende,
Numa rede de presenças
E ausências,
Numa fuga para o ponto de partida:
Um perto que é tão longe,
Um longe aqui.
Uma ânsia de estar e de temer
A semente que de ser se surpreende,
As pedras que repetem as cadências
Da onda sempre nova e repetida
Que neste espaço curvo vem de ti.
O rio e o mar
“Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no oceano, ele treme de medo. Olha para atrás, para toda a jornada: os cumes, as montanhas , o longo caminho sinuoso através das florestas, através dos povoados, e vê a sua frente um oceano tão vasto que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre. Mas, não há outra maneira. O rio não pode voltar. Ninguém pode voltar. Voltar é impossível na existência. Você pode apenas ir em frente. O rio precisa se arriscar e entrar no oceano. E somente quando ele entra no oceano é que o medo desaparece, porque apenas então o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano mas, tornar-se oceano! Por um lado é desaparecimento e por outro lado é renascimento. Assim somo nós. Só podemos ir em frente e arriscar.”
Compreendi
Compreendi,
então, que a vida não é uma sonata que,
para realizar a sua beleza,
tem que ser tocada até o fim.
Dei-me conta,
ao contrário,
que a vida é um álbum de mini sonatas.
Cada momento de beleza vivido e amado,
por efêmero que seja,
é uma experiência completa
que está destinada à eternidade.
Um único momento de beleza e amor
justifica a vida inteira. Rubem Alves
Mãe “Desnecessária”
Encontrei esta reflexão no site da psicoterapeuta Solange Rolla – http://www.solangerolla.com.br – e achei bem apropriada para o dia de hoje: Dia das Mães.
A boa mãe é aquela que vai se tornando “desnecessária” com o passar do tempo.
Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista esta frase e ela sempre me soou estranha.
Até agora.
Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos.
Uma batalha interna hercúlea, confesso. Quando começo a esmorecer na luta para controlar a supermãe que todas temos dentro de nós, lembro-me da frase; hoje, absolutamente clara.
Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar “desnecessária”.
Antes que alguma mãe apressada venha me acusar de desamor, preciso explicar o que significa isto.
Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes, prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros também.
A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda e um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho. Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não pára de se transformar ao longo da vida. Até o dia em que os filhos tornam-se adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo.
O que eles precisam é ter a certeza de que estamos lá, firmes, na concordância e na divergência, no sucesso ou no fracasso, com peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis.
Pais e mães solidários criam filhos para serem livres. Esse é nosso maior desafio e principal missão. Ao aprendermos a ser “desnecessários”, nos transformamos em portos seguros para quando eles decidirem atracar. Marcia Neder
O tempo no Jardim, de Cecília Meireles
Nestes jardins – há vinte anos – andaram nossos muitos passos,
e aqueles que então éramos se contemplaram nestes lagos.
Se algum de nós avistasse o que seríamos com o tempo,
todos nós choraríamos, de mútua pena e susto imenso.
E assim nos separamos, suspirando sonhos futuros,
e nenhum se atrevia a desvelar seus próprios mundos.
E agora que separados vivemos o que foi vivido,
com doce amor choramos o que fomos nesse tempo antigo!
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