Meu poeta! Amar e não amar, de Julio Cezar dos R. Almeida

Amei e não amei
Bate baixinho o coração.

Amei… Amei em vão!
Não amei… Só me poupei de desilusão…

Amei e não amei…
Bate descompensado o coração…

Será que fiz bem… Não sei não!
Amar traz tanto desassosego…
Não amar só traz solidão…

Amei e não amei…
Canta o trem quanto chega à estação…

Poema, de Cecília Meirelles

Renova-te. 

Renasce em ti mesmo. 

Multiplica os teus olhos para veres mais. 

Multiplica os teus braços para semeares tudo. 

Destrói os olhos que tiveram visto. 

Cria outros, para as visões novas. 

Destrói os braços que tiveram semeado. 

Para se esquecerem de colher. 

Sê sempre o mesmo Sempre outro. 

Mas sempre alto.

Sempre longe. 

E dentro de tudo. 

 

Poema retirado da obra Cânticos de Cecília Meirelles.

Lição – Julio Cezar dos Reis Almeida

O menino estuda a lição,
Dividido entre o que aprende
E os sons da rua que lhes chegam pela janela.

A mãe faz tricô.
A vó cochila na cadeira de balanço.
O menino olha a rua.
A rua irresistível que o chama…

Mamãe! Posso brincar?
Agora, não! Primeiro termine a lição.
Terminei a lição.
Mamãe não faz tricô.
Vovó não cochila.

Fecho a janela para que o barulho da rua
Não acorde as duas que dormem
No tempo estático das lembranças.

Mamãe, terminei!
Vá brincar, mas não demore!
O tempo passou,
Mas as lições da existência permanecem inconclusas.

Hoje me pergunto:

Onde estão as plantas da minha vó?
Os canteiros estão desfeitos.
Onde estão os novelos de minha mãe?
A lã da existência acabou,
Mas deixou o amargo gosto do sol da saudade
Que teima em brilhar nas lembranças.

Se a lã do tempo tece o próprio novelo,
A lição da ausência
Aprende-se com nó na garganta

Linguagens, de Dora Ramos

Meu coração
não entende a linguagem
que explica,
e calcula,
e conclui.

Meu coração

só entende palavras
que dizem
o quanto me satisfazes!

Meu coração ignora

outros nomes
que tu repetes
pois ele sabe
que nenhum outro nome
te amará assim.

E quando tudo isso

tu perceberes
chamarás pelo meu nome sim!

Meu coração não se engana:

completas tu a mim
completas eu a ti!

Almas e borboletas, por Gilka Machado

Há certas almas como as borboletas, cuja fragilidade de asas não resiste ao mais leve contato, que deixam ficar pedaços pelos dedos que as tocam.
Em seu vôo de ideal, deslumbram olhos, atraem as vistas: perseguem-nas,  alcançam-nas, detêm-nas, mas, quase sempre, por saciedade ou piedade, libertam-nas outra vez.
Elas, porém, não voam como dantes, ficam vazias de si mesmas cheias de desalento…
Almas e borboletas, não fosse a tentação das cousas rasas;

– o amor de néctar  – o néctar do amor, e pairaríamos nos cimos, seduzindo do alto, admirando de longe!…

Para o meu poeta… um poema

“Os poemas são pássaros  que chegam, não se sabe de onde e pousam no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôos como de um alçapão.
Eles não têm pouso nem porto, alimentam-se um instante em cada pde mãos e partem.
E olham então, essas tuas mãos vazias, no maravilhoso espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti.” Mário Quintana.

Borboletas, de Mário Quintana

Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de se decepcionar é grande.
 
As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui, para satisfazer as dela.
 
Temos que nos bastar… nos bastar sempre e quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém.
 
As pessoas não se precisam, elas se completam… não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida.
 
Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com a outra pessoa, você precisa em primeiro lugar, não precisar dela. Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente, não é o homem ou a mulher de sua vida.
 
Você aprende a gostar de você, a cuidar de você, e principalmente a gostar de quem gosta de você.
 
O segredo é não cuidar das borboletas e sim cuidar do jardim para que elas venham até você.
 

No final das contas, você vai achar
não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!

Mário Quintana (1906-1994) foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro.

Minha alma tem o peso da luz, de Clarice Lispector

A minha alma tem o peso da luz.
Tem o peso da música.
Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita.
Tem o peso de uma lembrança.
Tem o peso de uma saudade.
Tem o peso de um olhar.
Pesa como pesa uma ausência.
E a lágrima que não se chorou.
Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros.
Clarice Lispector foi uma escritora naturalizada brasileira. Autora de vários ensaios,  crônicas, livros como Perto do Coração Selvagem, A descoberta do mundo,  A hora da estrela, Laços de família, Minhas queridas e muitos outros

Bahia querida, de Juraci Rocha Silva

Encontrei essa poesia feita em homenagem à Bahia. Linda! “… confesso que te adoro demais, por teu perfil e carisma mil…”
Sumi…Para aumentar a saudade
Apareci para retribuir a felicidade
Gosto demais desse pedaço de chão
Sou marcado por teu amor no coração

Confesso que te adoro demais
Por teu perfil e carisma mil
Mesmo ausente, não te esqueço jamais
Musa do meu coração, musa do Brasil

Em tuas ruas de cores festivas
Do teu povo que é alegre conviva
Vejo nos rostos felizes e faceiros
O perfil de um povo brasileiro

Tudo em ti é grande demais
Palavra do teu filho amado
Sou de ti um valente soldado
Juro! Não te esquecerei jamais