A terapia do filósofo

Encontrei esse post no blog da Leila Ferreira, do blog Nós Mulheres e como vale uma bela reflexão transcrevo aqui.

Cerca de dois anos atrás entrevistei, em Londres, o filósofo suíço Alain de Botton e ele disse algo de que nunca me esqueci: contou que, quando está se sentindo meio depressivo, desanimado ou angustiado, costuma ir até o aeroporto de Heathrow. Não pra viajar, mas pra ver os aviões decolando e aterrissando e as pessoas chegando ou partindo.
Segundo o filósofo, essa movimentação lembra a ele que a vida é feita de mudanças, de deslocamentos, de novas possibilidades. Existem sempre outros lugares, outros destinos, novas histórias pra se viver, novos cenários pra se recomeçar. Nem sempre no sentido literal, geográfico.
O que o ir-e-vir de aviões e passageiros ilustra é a possibilidade da mudança. Muitas vezes nos acomodamos, estacionamos na tristeza, puxamos o freio de mão na infelicidade. A acomodação no sofrimento é uma morte lenta, homeopática. Às vezes é o emprego que detestamos, ou a cidade onde moramos, mas que nunca sentimos como nossa cidade. Outras vezes é o casamento que já acabou ou o namoro que nada acrescenta. Não importa a razão, o fato é que costumamos aceitar como se fossem inevitáveis coisas que dá perfeitamente pra mudar. Temos medo do fim e da ruptura, medo do novo e do desconhecido. Ou, pior ainda, não acreditamos que exista a possibilidade do novo. Ficamos engessados nos velhos padrões, nas velhas crenças, nos velhos estilos de vida que não nos realizam e aí paramos de sonhar.
Passar uma hora num aeroporto qualquer pode sacudir nossa inércia, corrigir nossa miopia, lembrar que a vida existe em movimento e, a cada movimento, pode mudar e nos mudar. A tristeza profunda de hoje pode não existir amanhã. O amor que hoje dói tanto pode parar de doer. A solidão pode deixar de existir. As perdas podem cicatrizar. Mas, pra isso, temos que deixar a vida decolar. Temos que estar com o passaporte em dia, prontos pra embarcar.
Experimente a terapia do filósofo: passe algumas horas no aeroporto mais próximo. Tome um cafezinho, compre uma revista, ande pelos corredores sem pressa, contemple sem pudor quem está embarcando ou chegando, imagine quantas histórias aquelas pessoas carregam, veja as malas que foram e estão de volta, a bagagem que se prepara pra ir sem saber quando vai voltar. E não deixe de observar os aviões. Quem diz que é brega ficar olhando avião subir e descer não sabe de nada. A cada decolagem, a gente se lembra de que há um mundo vastíssimo nos esperando. A cada pouso, ficamos confortados de saber que, se for preciso, dá pra voltar. Em matéria de terapia, não consigo pensar em nada mais breve e mais barato. E, se dá certo com o filósofo, por que não daria com a gente? Tente, experimente e boa viagem!

Mãinha…

Escolhi uma poesia desse livro do meu marido, para homenagear a todas as mamães que passarem por aqui… Que Papai do Céu abençoe imensamente a vida de vocês…

Mãinha me dá uma lua!
Meu lindo a lua é muito grande
Toma as minhas mãos.
Mãinha me dá um sol!
Meu dengo o sol é muito quente
E pode queimar o teu coração
Toma a minha paixão.
Mãinha me dá um caminho!
Meu filho na vida há muitos caminhos,
Como saber aquele que tem a medida certa dos teus pés.
Fica com o meu coração
Durma e sonhe com a ilusão.
Mãinha, me dá um beijo e me deixa ficar no teu colo!
Vem meu filho, vem, vem dormir e sonhar,
Que eu te dou meus braços, meu calor
E minha proteção.

Mãinha…

 

Feliz Páscoa!

PÁSCOA,
Tempo de amor, de União e de Paz.
Tempo de esperança, de fé e confiança
Tempo de refletir e perdoar
Tempo de lembrar com amor e apreciação
das pessoas que fazem diferença em nossas vidas…
Páscoa é nascimento,
É recomeço
É uma nova chance para melhorarmos as coisas que não gostamos em nós!

Lua Nua – poesia de Julio Cézar

Uma lua nua
Bailou no céu
De uma noite que cheirava a cravo e a mel.
Queria mostrar o seu encanto
Para isto se desfez do seu véu.
E nua,
Na noite pintada de breu,
Dançou para os olhos meus.
Testemunhas como eu,
Uma multidão de estrelas
Aplaudiu os passos seus.
Como palco,
A lua bailarina tinha o firmamento.
E como foco de luz,
Os meus olhos atentos.
A paixão louca
Entre a lua e o poeta
Durou pouco.
Porém, marcou o meu coração
Bem no fim do mundo.
Esse balé, rico de graça e de luz,
Ficará gravado na minha mente
A vida inteira.
Se te deu água na boca,
Feche os olhos,
Abra a caixa de sonhos e deixe a ilusão voar…
É assim que se aprende a amar.

Poema de Natal – Vinícius de Moraes

Adoro Vinícius de Moraes e dele encontrei esse poema, um poema de Natal:
“Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos…
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.”

Vinícius de Moraes foi um poeta, dramaturgo, cantor e compositor brasileiro, jornalista e diplomata. Autor de vários livros, poemas e canções. Livros como O caminho para a distância. Forma e exegese, Novos poemas, Antologia poética, Para viver um grande amor dentre outros.

Sobre o livro, de João Cabral de Melo Neto

Silencioso: quer fechado ou aberto, incluso o que grita dentro;
Anônimo: só expõe o lombo, posto na estante, que apaga em pardo todos os lombos;
Modesto: só se abre se alguém o abre, e tanto o posto do quadro na parede, aberto a vida toda, quanto da música, viva apenas enquanto voam suas redes.
Mas apesar disso e apesar de paciente (deixa-se ler onde queiram)
Severo: exige que lhe extraiam, o interroguem e jamais exala: fechado, mesmo aberto.

O Beija-Flor, de Auta de Souza

Acostumei-me a vê-lo todo o dia
De manhãzinha, alegre e prazenteiro,
Beijando as brancas flores de um canteiro
No meu jardim – a pátria da ambrosia.

Pequeno e lindo, só me parecia
Que era da noite o sonho derradeiro…
Vinha trazer às rosas o primeiro
Beijo do Sol, nessa manhã tão fria!

Um dia foi-se e não voltou… Mas quando
A suspirar me ponho, contemplando,
Sombria e triste, o meu jardim risonho…

Digo, a pensar no tempo já passado:
Talvez, ó coração amargurado,
Aquele beija-flor fosse o teu sonho!

Auta de Souza foi uma poetisa brasileira e autora do livro Horto.

Orgulho e renuncia, de J.G. de Araujo Jorge

Uma querida amiga Judite Oliveira, que há muitos anos não vejo, deixou registrado em meu caderno de recordações, ainda em Bom Jesus da Lapa/BA, esse poema de J.G de Araújo Jorge.

Orgulho e renuncia

Não penses que a mentira me consola: parte em silêncio, será bem melhor…

Se tudo terminou a tua esmola meu sofrimento ainda fará maior…

Não te condeno nem te recrimino, ninguém tem culpa do que aconteceu…

Nem posso contrariar o meu destino nem tu podias contrariar o teu!

Sofro que importa? mas não te censuro, o inevitável quando chega é assim,

-se esse amor não devia Ter futuro foi bem melhor precipitar seu fim…

Não te condeno nem te recrimino tinha que ser! Tudo passou, morreu!

Cada qual traz do berço seu destino e esse afinal, bem doloroso, são o meu!

Estranho, é que a afeição quando se acabe, traga inútil consolo ao nosso fim

quando penso que ainda ontem, – quem o sabe? tenha sentido algum amor por mim…

Não procures mentir. Compreendo tudo. Tudo por si justificado está:

– não tens culpa se te amo… se me iludo, se a vida para mim é que foi má…

Vês? Meus olhos chorando estão contentes! Não fales nada. Vai! Ninguém te obriga

a dizeres aquilo que não sentes, nem eu preciso disto minha amiga…

 Parte. E que nunca sofrer alguém te faça o que sofri com o teu ingênuo amor;

– pensa que tudo morre, tudo passa, que hei de esquecer-te, seja como for…

Pensa que tudo foi uma tolice…Só mais tarde, bem sei, – compreenderás

as palavras de dor que não te disse e outras, de amor… que não direi jamais