Chovem duas chuvas, de Cecília Meireles

Chovem duas chuvas:
de água e de jasmins
por estes jardins
de flores e de nuvens.

Sobem dois perfumes
por estes jardins:
de terra e jasmins,
de flores e chuvas.

E os jasmins são chuvas

e as chuvas, jasmins,
por estes jardins
de perfume e nuvens

Reflexão, de Oscar Wilde

É preciso comungar com a alegria, a beleza, a cor da vida.
Quanto menos se falar dos horrores da vida, melhor se vive.
Oscar Wilde

Caminhante, de Antonio Machado

Caminhante, são teus rastros
o caminho, e nada mais;
caminhante, não há caminho,
o caminho se faz ao andar.

Andando se faz o caminho
e olhando para trás
se vê a trilha que jamais
se voltará a pisar

Caminhante, não há caminho,
somente ondulações no mar.

(tradução: Taunay Daniel)

 

Antonio Machado foi um poeta espanhol, autor de Soledades,  Galerias, Outros Poemas e Poesias Completas.

Gosto quando me falas de ti, de J. G. de Araújo Jorge

Gosto quando me falas de ti… e vou te percorrendo
e vou descortinando a tua vida na paisagem sem nuvens, cenário de meus desejos tranquilos,

Gosto quando me falas de ti… e então percebo
que antes mesmo de chegar, me adivinhavas,
que ninguém te tocou, senão o vento
que não deixa vestígios, e se vai desfeito em carícias vãs…

Gosto quando me falas de ti… quando aos poucos a luz
vasculha todos os cantos de sombra, e eu só te encontro
e te reencontro em teus lábios, apenas pintados,
maduros, mas nunca mordidos antes da minha audácia.

Gosto quando me falas de ti… e muito mais adiantas
em teus olhos descampados, sem emboscadas,
e acenas a tua alma, sem dobras, como um lençol
distendido, e descortino o teu destino, como um caminho certo, cuja primeira curva foi o nosso encontro.

Gosto quando me falas de ti… porque percebo que te
desnudas como uma criança, sem maldade,
e que eu cheguei justamente para acordar tua vida
que se desenrola inútil como um novelo
que nos cai no chão…”

Do livro Quatro Damas, 1965.

J. G. de Araújo Jorge, foi um poeta e político brasileiro. Autor de livros como Meu Céu Interior, Amo, Trevos de Quatro Versos, Os mais belos poemas que o amor inspirou, dentre outros.

Sol diferente

“Neste dia eu lhe desejo um sol diferente.

Que apesar de todas as dificuldades,
apesar de algumas tristezas que insistem,
que mesmo com essa montanha erguida,
o sol possa ser seu presente mais doce.

Desejo ao seu coração o querer que ele quer.
Que nas palavras que ele sussurra dentro do seu peito,
sejam ouvidas aquelas que têm sabor de liberdade.
Que você esteja atento para o sopro da sua vontade real,
e jamais desista dos seus passos em direção à verdade.

Desejo que sua percepção acorde mais plena
no calor de um sol novo e renovador.
Que ele lhe encoraje às atitudes
que estão querendo respirar.
Aquelas que sempre são substituídas,
Aquelas que não se arrojam
por ter os pesos de conceitos por demais antigos.

Desejo que você aceite seu tempo, seja ele qual for.
Que sinta serenidade na espera necessária
para que a semente plantada brote no tempo certo.

Desejo então que sua flor seja inteira,
e mesmo que inicialmente pequena e frágil,
ela lhe traga as luzes de uma estrada azul.

Que sua sabedoria esteja desperta aguardando com
tranqüilidade o desabrochar da sua flor.
Em paz, em cadência ritmada
com o aprendizado que vem chegando.
Em mais suaves permissões a você.
Em muito mais reconhecimento da sua coragem.

Desejo a você um sol diferente.

Espalhando seu sorriso pela densidade das nuvens,
simplificando o aspecto complicado de alguns momentos
e mostrando-lhe a fonte essencial para sua sede.

Desejo que a cada instante você desnude mais seu coração
e deixe que nele vibre em tom maior: o amor.

O amor na sua expressão mais simples.
Que não mede, não faz contas
e que tem o poder de lhe erguer
acima de todas as montanhas escuras”.

                                                                           (encontrado na Net, não sei a autoria)

Tricô e poesia – Mate simples, por Isabella Vieira de Bem

Os fios tecem os dedos das tricoteiras.
Ágeis, os pontos correm carreiras
Nas tramas de todas as dores.
Nos dramas, em todas as cores,
Tece, o artesão, a fantasia,
Veste a barra do dia,
Cobre a nudez da noite
E as agulhas, pouco à vontade,
Assinam com ponto final:
Mate simples  

Blog tricot na veia

Uma prece ao melhor do teu ser, de Wagner Borges

Que esses escritos levem Amor ao teu coração.
Que tudo que é trevoso seja abraçado pela tua luz.
Que te encantes com o presente da vida.
Que tua alma seja curada na luz.
Que teus pensamentos sejam justos.
Que tuas mãos sejam curadoras.
Que teu trabalho te dignifique.
Que sejas querido na prece dos outros.
Que teu olhar revele o brilho do Eterno.
Que tenhas consciência da Sagrada Presença.
Que vejas sempre algo belo, mesmo em um dia cinzento.
Que não deixes passar um grande Amor.
Que teu coração seja generoso como o Sol.
Que teus passos sejam honrados.
Que a perda de alguém querido não te aniquile.
Que os reveses de tua vida sejam lições de sabedoria.
Que aprecies muitas canções, e te encantes com elas.
Que não tenhas medo de Amar.
Que tuas emoções não te sejam um fardo.
Que honres teus pais e teus ancestrais.
Que a chuva lave tuas mágoas e te renove o viver.
Que saibas te abrir, para a vida te dizer algo justo.
Que teus lábios estejam sempre fechados para queixumes.
Que, por mais que te atentem, não traias o teu coração.
Que saibas perdoar, aos outros e a ti mesmo.
Que tenhas sabedoria para corrigir teus erros.
Que o mal nunca faça morada em teu coração.
Que não valorizes aquilo que rebaixa o teu espírito.
Que nada te afaste da luz e do amor verdadeiros.
Que estejas sempre em um círculo de luz.
Paz e Luz. Amor e Presença.

Vivendo como as flores

-Mestre, como faço para não me aborrecer?

Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes.
Algumas são indiferentes.
Sinto ódio das que são mentirosas.
Sofro com as que caluniam”.
– “Pois viva como as flores!”, advertiu o mestre.
– “Como é viver como as flores?” Perguntou o discípulo.
– “Repare nestas flores”, continuou o mestre, apontando lírios que cresciam no jardim.

“Elas nascem no esterco, entretanto são puras e perfumadas.

Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável,mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas. É justo angustiar-se com as próprias culpas, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros o importunem. Os defeitos deles são deles e não seus. Se não são seus, não há razão para aborrecimento.
Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora.
Isso é viver como as flores.”