Lição – Julio Cezar dos Reis Almeida

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O menino estuda a lição,
Dividido entre o que aprende
E os sons da rua que lhes chegam pela janela.

A mãe faz tricô.
A vó cochila na cadeira de balanço.
O menino olha a rua.
A rua irresistível que o chama…

Mamãe! Posso brincar?
Agora, não! Primeiro termine a lição.
Terminei a lição.
Mamãe não faz tricô.
Vovó não cochila.

Fecho a janela para que o barulho da rua
Não acorde as duas que dormem
No tempo estático das lembranças.

Mamãe, terminei!
Vá brincar, mas não demore!
O tempo passou,
Mas as lições da existência permanecem inconclusas.

Hoje me pergunto:

Onde estão as plantas da minha vó?
Os canteiros estão desfeitos.
Onde estão os novelos de minha mãe?
A lã da existência acabou,
Mas deixou o amargo gosto do sol da saudade
Que teima em brilhar nas lembranças.

Se a lã do tempo tece o próprio novelo,
A lição da ausência
Aprende-se com nó na garganta

Este post tem 2 comentários

  1. Naza Bispo

    Lindo o texto LIÇÃO….
    posso dizer que viajei nas lembranças…

  2. Clemilde

    Olá Almira!
    Eu acabei postando a bolsa sem mim. Contava com minha filha pra tirar a foto. Semana toda chegou tarde da faculdade. Quando ela falava de tirar eu não estava arrumada. Agora viajou. Se eu tirar depois posto lá junto.
    O poema me emocionou.

    Beijos.

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