Encontrei esta reflexão no site da psicoterapeuta Solange Rolla – http://www.solangerolla.com.br – e achei bem apropriada para o dia de hoje: Dia das Mães.
A boa mãe é aquela que vai se tornando “desnecessária” com o passar do tempo.
Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista esta frase e ela sempre me soou estranha.
Até agora.
Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos.
Uma batalha interna hercúlea, confesso. Quando começo a esmorecer na luta para controlar a supermãe que todas temos dentro de nós, lembro-me da frase; hoje, absolutamente clara.
Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar “desnecessária”.
Antes que alguma mãe apressada venha me acusar de desamor, preciso explicar o que significa isto.
Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes, prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros também.
A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda e um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho. Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não pára de se transformar ao longo da vida. Até o dia em que os filhos tornam-se adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo.
O que eles precisam é ter a certeza de que estamos lá, firmes, na concordância e na divergência, no sucesso ou no fracasso, com peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis.
Pais e mães solidários criam filhos para serem livres. Esse é nosso maior desafio e principal missão. Ao aprendermos a ser “desnecessários”, nos transformamos em portos seguros para quando eles decidirem atracar. Marcia Neder