Cuidar até o fim: como trazer paz para a morte, de Ana Claudia Q. Arantes

Cuidar Até o Fim nos convida a refletir sobre importância de conversar sobre a morte, sobre o que a finitude significa para cada um e sobre o processo de cuidar de alguém em um momento tão delicado.  O livro trata também do luto antecipatório, da preparação emocional e traz ainda historias reais.  “Afinal cuidar é o ato mais sublime da conexão humana”

Ana Claudia Quintana Arantes é médica geriatra, pós graduada em psicologia e especialista em cuidados paliativos e luto.

 

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Para além da curva da estrada, de Alberto Caeiro

Para além da curva da estrada

Talvez haja um poço, e talvez um castelo,

E talvez apenas a continuação da estrada.

Não sei nem pergunto.

Enquanto vou na estrada antes da curva

Só olho para a estrada antes da curva,

Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.

De nada me serviria estar olhando para outro lado

E para aquilo que não vejo.

Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.

Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.

Se há alguém para além da curva da estrada,

Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.

Essa é que é a estrada para eles.

Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.

Por ora só sabemos que lá não estamos.

Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva

Há a estrada sem curva nenhuma.

Alberto Caeiro é um dos heterônimos do poeta português Fernando Pessoa.

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Canção de Outono, de Cecília Meireles

Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.
De que serviu tecer flores
pelas areias do chão
se havia gente dormindo
sobre o próprio coração?
E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando aqueles
que não se levantarão...
Tu és folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
E vou por este caminho,
certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...

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O cérebro de luto, de Mary-Frances O’connor

“A morte nos muda e não podemos funcionar  no mundo da mesma forma que antes. Se você agora entende profunda e verdadeiramente, que as pessoas que amamos  podem desaparecer para sempre, isso muda a forma amamos, aquilo em que acreditamos e o que valorizamos”.

Este livro aprofunda no tema do luto, explorando como a mente nos faz aprender sobre a dor emocional e as perdas, na perspectiva da neurociência.

O livro explica como nosso cérebro lida com as perdas detalhando suas fases e orientando a todos nós, com ferramentas práticas e exercícios para cuidar da saúde mental durante esse processo de recuperação e quão importante é o apoio emocional e social.

 

 

Mary-Frances O’ Connor é neurocientista, psicóloga clínica, professora universitária, palestrante e autora norte-americana.

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Costurando a vida! de Mia Couto

– Fica-te tão bem o dia que trazes.
Onde é que o arranjaste?
– Fui eu que fiz.
Já me aborreciam os dias sempre iguais, sempre a mesma coisa, e resolvi arriscar um toque personalizado.
– E como fizeste?
– Aproveitei coisas que tinha e a que voltei a dar uso.
Subi as bainhas da manhã para deixar entrar mais claridade e bordei uns pontos de exclamação nos bolsos para ter sempre à mão maneira de me espantar com a beleza da vida.
Descosi velhos hábitos e teci algumas considerações importantes, como a de apanhar as malhas caídas dos dias com força de vontade e coragem.
Depois, junto à fímbria da noite, deixei abertos uns rasgos de imaginação e prendi os sonhos com colchetes de luz à esperança num mundo melhor.

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Baú de espantos, de Mário Quintana

“… pulando e cantando debaixo da chuva

curtindo o frescor da chuva que desce o céu

o cheiro de terra que sobe do chão

o tapa do vento cara molhada!”

                   Trecho da poesia Família descontrolada, do livro Baú de espantos,  de Mário Quintana

Mário Quintana (1906-1994) foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro.

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Sonhos, de Ana Maria Lopes

Sonhos

Não sei quantas vezes em minha vida

eu sonhei.

Falo dos sonhos em alerta

os sonhos sonhados despertos.

O sonho é amigo e cúmplice da fantasia.

Às vezes, sonho e fantasia se misturam tanto

que geram espanto

quando os tentamos separar.

E a farra da mistura é tamanha

que quando vamos

um do outro decifrar,

não sabemos se o sonho se vestiu de fantasia

ou se a fantasia escapou para sonhar.

    Ana Mara Lopes nasceu no Rio de Janeiro, mas radicada em Brasília. É escritora, poeta e  jornalista brasileira.

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O espelho, de Mia Couto

Esse que em mim envelhece
assomou ao espelho
a tentar mostrar que sou eu.

Os outros de mim,
fingindo desconhecer a imagem,
deixaram-me, a sós, perplexo,
com meu súbito reflexo.

A idade é isto: o peso da luz
com que nos vemos.

 

É autor um autor da literatura contemporânea,  jornalista e biólogo moçambicano.

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