Tomar a vida nas próprias mãos, de Gudrun Burkhard

Acabei de ler o livro Tomar a Vida nas Próprias Mãos, da escritora alemã Gudrun Burkhard. É um livro muito interessante e que me permitiu um novo olhar sobre a vida. Segundo Gudrun, a vida humana é dividida em ciclos de sete anos que são chamados de setênios. Esse estudo se constitui em bases para estudos biográficos.

Os setênios vão da infância à velhice, e são regidos por leis cósmicas. O 1º setênio dos 0 aos 7 anos; o 2º dos 7 aos 14 anos; o 3º dos 14 aos 21 anos, o 4º dos 21 aos 28 anos o 5º dos 28 aos 35 anos, o 6º dos 35 aos42 anos, o 7º vai dos 42 aos 49 anos, o 8º dos 49 aos 56 anos, o 9º dos 56 aos 63 anos e do décimo setênio em diante, após os 63 anos ainda sendo pesquisado, em função do aumento da expectativa de vida do ser humano.

Ela descreve várias características próprias de cada setênio que no meu entender, são características do desenvolvimento humano físico, mental e espiritual.

Destaquei para reflexão:
“cada ser humano pode ser um jardineiro de seu próprio pomar para saber quando é a hora de plantar, adubar, regar e depois colher os frutos”.
“ é como se no dia-a-dia tocássemos um instrumento musical. A cada época temos tons diferentes e no final da vida tudo se compôs como parte de uma grande sinfonia.”
“a própria vida é um caminho de iniciação; temos apenas de aprender a olhá-la e vivê-la conscientemente”…

Poema de Natal – Vinícius de Moraes

Adoro Vinícius de Moraes e dele encontrei esse poema, um poema de Natal:
“Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos…
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.”

Vinícius de Moraes foi um poeta, dramaturgo, cantor e compositor brasileiro, jornalista e diplomata. Autor de vários livros, poemas e canções. Livros como O caminho para a distância. Forma e exegese, Novos poemas, Antologia poética, Para viver um grande amor dentre outros.

A águia e a galinha – Frei Leonardo Boff

Li esse livro há muito tempo atras e consegui registrar que segundo o autor, as duas dimensões da nossa alma definidas por ele como a águia e a galinha, constroem nosso processo existencial, mexem com os sentimento com nossa capacidade de superação, e com nossa capacidade de criar.

Não podemos ser sempre águia ou sempre galinha. Como águia temos projetos infinitos, paixões indomáveis, incontroláveis, queremos o impossível e como galinha somos pés no chão, somos concretos e históricos.Precisamos usar a razão e o coração para encontramos o equilíbrio.
No meu entender não devemos aceitar ser somente galinhas; precisamos desejar querer também ser águias que ganham altura e que projetam visões para além do galinheiro. As águias não desprezam a terra, pois nela encontram seu alimento. Mas não são feitas para andar na terra, senão para voar nos céus, medindo-se com os picos das montanhas e com os ventos mais fortes. A águia compreenderá a galinha e a galinha se associará ao vôo da águia.
Sejamos mais águias que galinhas….

Leonardo Boff é filósofo, teólogo e professor aposentado de Ética da UERJ

Não apresse o rio (ele corre sozinho), de Barry Stevens

Um dos livros mais antigos que tenho, daqueles que não  consigo me desfazer, é apego mesmo.

Esse trecho de uma entrevista que está no final do livro resume bem a essência do livro. Não apresse o rio, ele corre sozinho significa deixar-se ir junto com a vida, sem tentar fazê-la ir para algum lugar, sem tentar fazer com que algo aconteça, mas simplesmente ir, como o rio; e, sabe, o rio, quando chega nas pedras, simplesmente se desvia, dá a volta, quando chega a um lugar plano, ele se espalha e fica tranquilo…

 

O Beija-Flor, de Auta de Souza

Acostumei-me a vê-lo todo o dia
De manhãzinha, alegre e prazenteiro,
Beijando as brancas flores de um canteiro
No meu jardim – a pátria da ambrosia.

Pequeno e lindo, só me parecia
Que era da noite o sonho derradeiro…
Vinha trazer às rosas o primeiro
Beijo do Sol, nessa manhã tão fria!

Um dia foi-se e não voltou… Mas quando
A suspirar me ponho, contemplando,
Sombria e triste, o meu jardim risonho…

Digo, a pensar no tempo já passado:
Talvez, ó coração amargurado,
Aquele beija-flor fosse o teu sonho!

Auta de Souza foi uma poetisa brasileira e autora do livro Horto.

Brasil: pés descalços, dentes cariados – Julio Cézar dos Reis Almeida

Pingo D’agua

A vida é pingo d’água

Que dura pouco mais que a aurora.
Evapora sem demora.
Tão cedo chega, tão cedo vai embora.
Nem bem a gente começa a aprender,
Chega a hora.
A hora triste de ir embora.
Que gota preciosa
Esta que vai escrevendo a cada frase
A nossa história.
A humanidade deságua de um lado
E do outro lado evapora.
É chegar e ir embora,
A cada instante, a cada hora.