O pai o enxotou para fora de casa, aos 12 anos de idade. O menino caminhou pelas matas, subiu serras, desceu vales, e chegou a algum lugar: uma vila adormecida no meio do nada. Ali, começou a trabalhar numa venda, aprendeu a ler e a escrever atrás do balcão, comprou uma tropa de doze burros, foi a pé até a Lapa, casou, teve um filho, enviuvou, casou com a sobrinha da primeira mulher, teve mais onze filhos, vivenciou tragédias, prosperou, enriqueceu.
Os filhos são como os dedos das mãos. De longe assim até parece que são todos iguais, mas são completamente diferentes: o temperamento, a natureza, os ideais, os sonhos, os problemas. A vida de cada um corre por caminhos distintos; é como um rio que nasce pequenino, frágil, dependente, mas logo vai se avolumando com o decorrer do tempo e do espaço, e não sabemos ainda aonde vai desaguar.
Um jardim para Leonel é uma homenagem a esse homem simples, porém muito sábio, que, embora não tenha frequentado a escola, acreditava na educação e gostava tanto do mar.