Novo Milênio, Novo Olhar, de Roberto Crema

Mudar o mundo, É mudar o olhar. Do olhar que estreita e subtrai, para o olhar que amplia e engrandece. Do olhar que julga e condena, para o olhar que compreende e perdoa. Do olhar que teme e se esquiva, para o olhar que confia e atreve. Do olhar que separa e exclui, para o olhar que acolhe e religa. Todos os olhares num só olhar. O olhar da inocência e o olhar da vigilância. O olhar da justiça e o olhar da misericórdia. Todos os olhares num só Olhar. Olhar de criança que brinca na Primavera, olhar de adulto que labora, no verão, olhar de maduro que oferta, no Outuno, olhar de prece e silêncio, no Inverno. O olhar de quem nasce, O olhar de quem passa, O olhar de quem parte. Olhares da existência no Olhar da Essência. Todos os olhares, num só Olhar. Dançar de roda na órbita do olhar, dançar de guerreiro em volta da fogueira do olhar, dançar de Ser no olhar do Amor. Dançar e brincar de olhar. Olhar o porvir, do instante que nasce, no coração palpitante da transmutação. Viva o novo olhar! Olhe a vida de novo! Novo olhar, novo viver! Mudar o mundo É mudar o olhar. É alto olhar, Altar do olhar. É ousar viver. É viver no ousar. É amar viver, É viver para amar. Só então partir, Para o Grande Olhar. Todos os olhares num só Olhar. Num mesmo Olhar. Supremo Olhar Olhar. Roberto Crema é antropólogo e psicólogo, membro honorário da Associação Luso Brasileira de Transpessoal e Reitor da Unipaz - Universidade Internacional da Paz. Autor de vários livros Introdução à visão logística, Saúde e plenitude, Normose, O poder do encontro dentre outros.

Chovem duas chuvas, de Cecília Meireles

            Chovem duas chuvas: de água e de jasmins por estes jardins de flores e de nuvens. Sobem dois perfumes por estes jardins: de terra e jasmins, de flores e chuvas. E os jasmins são chuvas e as chuvas, jasmins, por estes jardins de perfume e nuvens

Reflexão, de Oscar Wilde

É preciso comungar com a alegria, a beleza, a cor da vida. Quanto menos se falar dos horrores da vida, melhor se vive. Oscar Wilde

Uma prece ao melhor do teu ser, de Wagner Borges

Que esses escritos levem Amor ao teu coração.Que tudo que é trevoso seja abraçado pela tua luz.Que te encantes com o presente da vida.Que tua alma seja curada na luz.Que teus pensamentos sejam justos.Que tuas mãos sejam curadoras.Que teu trabalho te dignifique.Que sejas querido na prece dos outros.Que teu olhar revele o brilho do Eterno.Que tenhas consciência da Sagrada Presença.Que vejas sempre algo belo, mesmo em um dia cinzento.Que não deixes passar um grande Amor.Que teu coração seja generoso como o Sol.Que teus passos sejam honrados.Que a perda de alguém querido não te aniquile.Que os reveses de tua vida sejam lições de sabedoria.Que aprecies muitas canções, e te encantes com elas.Que não tenhas medo de Amar.Que tuas emoções não te sejam um fardo.Que honres teus pais e teus ancestrais.Que a chuva lave tuas mágoas e te renove o viver.Que saibas te abrir, para a vida te dizer algo justo.Que teus lábios estejam sempre fechados para queixumes.Que, por mais que te atentem, não traias o teu coração.Que saibas perdoar, aos outros e a ti mesmo.Que tenhas sabedoria para corrigir teus erros.Que o mal nunca faça morada em teu coração.Que não valorizes aquilo que rebaixa o teu espírito.Que nada te afaste da luz e do amor verdadeiros.Que estejas sempre em um círculo de luz. Paz e Luz. Amor e Presença.

Meu Destino, de Cora Coralina

Nas palmas de tuas mãos leio as linhas da minha vida. Linhas cruzadas, sinuosas, interferindo no teu destino. Não te procurei, não me procurastes – íamos sozinhos por estradas diferentes. Indiferentes, cruzamos Passavas com o fardo da vida… Corri ao teu encontro. Sorri. Falamos. Esse dia foi marcado com a pedra branca da cabeça de um peixe. E, desde então, caminhamos juntos pela vida…

Canção para um valsa lenta, de Mário Quintana

Minha vida não foi um romance… Nunca tive até hoje um segredo. Se me amas, não digas, que morro De surpresa… de encanto… de medo… Minha vida não foi um romance, Minha vida passou por passar. Se não amas, não finjas, que vivo Esperando um amor para amar. Minha vida não foi um romance… Pobre vida… passou sem enredo… Glória a ti que me enches a vida De surpresa, de encanto, de medo! Minha vida não foi um romance… Ai de mim… Já se ia acabar! Pobre vida que toda depende De um sorriso… de um gesto… um olhar…

Gosto quando falas de ti… de JG de Araujo Jorge

Gosto quando falas de ti... e vou te percorrendoe vou descortinando a tua vida na paisagem sem nuvens, cenário de meus desejos tranquilos.Gosto quando me falas de ti... e então perceboque antes mesmo de chegar, me adivinhavas,que ninguém te tocou, senão como o ventoque não deixa vestígios, e se vai  desfeito em carícias vãs...Gosto quando me falas de ti... quando aos poucos a luzvasculha todos os cantos de sombra, e eu só, te encontroe te reencontro em teus lábios, apenas pintados,maduros, mas nunca mordidos antes da minha audácia.Gosto quando me falas de ti... e muito mais adiantasem teus olhos descampados, sem emboscadas,e acenas tua alma, sem dobras, como um lençoldistendido, e descortino teu destino, como um caminho certo, cuja primeira curva foi o nosso encontro.Gosto quando me falas de ti... porque percebo que te desnudas como uma criança, sem maldade, e que eu cheguei justamente para acordar tua vida que se desenrolava inútil como um novelo que nos cai da mão...

Receita de olhar, de Roseana Murray

Nas primeiras horas da manhã desamarre o olhar deixe que se derrame sobre todas as coisas belas o mundo é sempre novo e a terra dança e acorda em acordes de sol faça do seu olhar imensa caravela

Espaço curvo e finito, de José Saramago

Oculta consciência de não ser,Ou de ser num estar que me transcende,Numa rede de presençasE ausências,Numa fuga para o ponto de partida:Um perto que é tão longe,Um longe aqui. Uma ânsia de estar e de temerA semente que de ser se surpreende,As pedras que repetem as cadênciasDa onda sempre nova e repetidaQue neste espaço curvo vem de ti.