Abraços, de Dora Ramos
Gosto muito de poesias e algumas são especiais como essa da Dora, do seu livro De Volta ao Jardim – Reencontros.
Gosto muito de poesias e algumas são especiais como essa da Dora, do seu livro De Volta ao Jardim – Reencontros.
E, toda forma de luta, de ação, neste caso se torna inútil. Como então empreender esta tarefa sem qualquer esforço? A única ferramenta capaz de nos auxiliar é a meditação. E, quando digo meditação isto significa simplesmente manter-se alerta, totalmente no aqui e agora.
Ao colocar a atenção sobre os pensamentos, sem qualquer tipo de julgamento, simplesmente observando-os, estes, aos poucos, perdem energia, pois emitir qualquer opinião sobre eles automaticamente amplia o seu poder.
Quando você observa atentamente seus pensamentos, amplia a percepção sobre a qualidade destes. E, se surpreende ao constatar o quanto de negatividade, medo e insegurança eles carregam.
Se conseguir se manter alerta, ainda que alguns minutos por dia, acerca de seus pensamentos, você verá que aos poucos, eles vão perdendo força, até que, repentinamente, acontece o que chamamos não-mente, ou seja, a ausência de pensamentos que imediatamente nos remete ao silêncio, o vazio onde habita a dimensão divina de nosso ser.
Quanto mais tempo conseguirmos permanecer no silêncio, mais chances teremos de “ouvir” a voz que se esconde em nosso interior. A intuição, este poderoso guia que sempre nos leva aos caminhos mais adequados à nossa evolução, se manifesta mais fortemente nos momentos em que conseguimos manter a mente em repouso.
Este texto de Gloria Hurtado vale uma bela reflexão!
Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final…
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu….
Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora…
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração… e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”.
Ciência
Na minha breve existência,
Apenas para sonhar
Percebi em mim alguma competência.
Para as outras coisas,
Percebi apenas persistência.
Afinal, tudo na vida
Resume-se em trabalho, pão e paciência.
Mas para sonhar é preciso
Algo mais que consciência…
Isto sim, é que exige do homem a mais elevada
E a mais apurada das competências.
Para todas as outras,
Basta um pouco de trabalho, de pão e de persistência.
Afinal, nenhuma delas exige ciência
“Deixe-me, deixe-me, fonte!”
Dizia a flor a chorar:
“Eu fui nascida no monte…
Não me leves para o mar.
E a fonte, rápida e fria,
Com um sorriso zombador,
Por sobre a areia corria,
Corria levando a flor.
“Ai, balanços do meu galho,
Balanços do berço meu!
Ai, claras gotas de orvalho
Caídas do azul do céu!”
Chorava a flor, e gemia,
Branca, branca de terror,
E a fonte, sonora e fria,
Rolava, levando a flor.
“Adeus, sombra das ramadas,
Cantigas do rouxinol!
Ai, festas das madrugadas
Doçuras do pôr do sol!
Carícias das brisas leves,
Que abrem rasgões de luar.
Fonte, fonte, não me leves,
Não me leves para o mar!…
As correntezas da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a da fonte e da flor
Do livro Séculos de Escravidão – Filosofia poética, de Júlio Cezar dos Reis Almeida. 1999.