Abraços, de Dora Ramos

Gosto muito de poesias e algumas são especiais como essa da Dora, do seu livro De Volta ao Jardim – Reencontros.

Abraços,
são toques desejados
são sonhos da alma
são descansos que acalmam
Abraços,
que dizem a um outro
o quão precioso
se tornou esse um
Abraços
que criam um universo
onde estejam dois corações
ocupando o mesmo espaço
Abraços,
perdidos?
desconhecidos?
esquecidos?
por falta de um abraço?
Abraço-te
com o meu olhar
com os meus versos,
com o meu nome
junto do teu
ocupando o mesmo espaço
Abraços!

Silenciando a Mente, de Elisabeth Cavalcantep

Encontrei esta reflexão em “Somos Todos Um” e compartilho com vocês. 
Muitas pessoas me perguntam como fazer para manter sob controle o turbilhão de pensamentos que povoam suas mentes, o tempo todo. O segredo é não fazer disso uma meta, um objetivo, pois ao fazê-lo passamos a lutar contra a mente.

E, toda forma de luta, de ação, neste caso se torna inútil. Como então empreender esta tarefa sem qualquer esforço? A única ferramenta capaz de nos auxiliar é a meditação. E, quando digo meditação isto significa simplesmente manter-se alerta, totalmente no aqui e agora.

Ao colocar a atenção sobre os pensamentos, sem qualquer tipo de julgamento, simplesmente observando-os, estes, aos poucos, perdem energia, pois emitir qualquer opinião sobre eles automaticamente amplia o seu poder.

Quando você observa atentamente seus pensamentos, amplia a percepção sobre a qualidade destes. E, se surpreende ao constatar o quanto de negatividade, medo e insegurança eles carregam.

Se conseguir se manter alerta, ainda que alguns minutos por dia, acerca de seus pensamentos, você verá que aos poucos, eles vão perdendo força, até que, repentinamente, acontece o que chamamos não-mente, ou seja, a ausência de pensamentos que imediatamente nos remete ao silêncio, o vazio onde habita a dimensão divina de nosso ser.

Quanto mais tempo conseguirmos permanecer no silêncio, mais chances teremos de “ouvir” a voz que se esconde em nosso interior. A intuição, este poderoso guia que sempre nos leva aos caminhos mais adequados à nossa evolução, se manifesta mais fortemente nos momentos em que conseguimos manter a mente em repouso. 
 

Leia mais, acessando: http://somostodosum.ig.com.br/

Encerrando Ciclos, de Gloria Hurtado

Este texto de  Gloria Hurtado vale uma bela reflexão!

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final…
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu….
Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora…
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração… e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”.

Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará!
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa – nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.
Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é! Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és…
E lembra-te:
Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão!

Podas – Dom Hélder Câmara

Quando eu era criança, encontrei, um dia, um jardineiro, com uma tesoura enorme na mão.
Fiquei revoltado quando vi que ele, com a sua tesoura, começou a cortar os galhos mais tenros de todas as plantas.
Reclamei, agarrei-o pelo braço.
Ele sorriu e pediu-me que, depois de um mês, eu voltasse a ver o resultado do que tinha feito e, de fato, um mês depois todas as plantas estavam ainda mais belas e cheias de vida.
Foi assim que aprendi o segredo das podas.
Quando li, no Evangelho, que o Criador e Pai poda justamente os galhos que dão frutos, entendi, aceitei, porque eu já sabia o efeito da poda
Por que todos nós temos a tentação de imaginar que os sofrimentos que nos chegam são castigos de Deus?!
Por que não pensar que Deus permite sofrimentos físicos e morais,
como o agricultor que poda suas árvores, para que dêem mais fruto ainda?!
Por mais que o sofrimento nos desnorteie;
por mais que certos sofrimentos pareçam absurdos e revoltantes,
agarremos-nos a estas duas certezas,
como quem se agarra a dois cabos de aço:
Deus existe e Deus é Pai.

Ciência – Julio Cezar dos Reis Almeida

Ciência

Na minha breve existência,
Apenas para sonhar
Percebi em mim alguma competência.

Para as outras coisas,
Percebi apenas persistência.
Afinal, tudo na vida
Resume-se em trabalho, pão e paciência.

Mas para sonhar é preciso
Algo mais que consciência…

Isto sim, é que exige do homem a mais elevada
E a mais apurada das competências.

Para todas as outras,
Basta um pouco de trabalho, de pão e de persistência.

Afinal, nenhuma delas exige ciência

A Fonte e a Flor, de Vicente de Carvalho

Esta poesia é uma das mais lindas que conheço… 
“Deixe-me, fonte” – dizia
 A flor, tonta de terror,
E a fonte, sonora e fria,
Cantava, levando a flor.

“Deixe-me, deixe-me, fonte!”
 Dizia a flor a chorar:
“Eu fui nascida no monte…
 Não me leves para o mar.

E a fonte, rápida e fria,
 Com um sorriso zombador,
 Por sobre a areia corria,
 Corria levando a flor.

“Ai, balanços do meu galho,
Balanços do berço meu!
 Ai, claras gotas de orvalho
 Caídas do azul do céu!”

Chorava a flor, e gemia,
Branca, branca de terror,
E a fonte, sonora e fria,
Rolava, levando a flor.

“Adeus, sombra das ramadas,
 Cantigas do rouxinol!
 Ai, festas das madrugadas
 Doçuras do pôr do sol!

Carícias das brisas leves,
 Que abrem rasgões de luar.
 Fonte, fonte, não me leves,
 Não me leves para o mar!…

As correntezas da vida
 E os restos do meu amor
 Resvalam numa descida
Como a da fonte e da flor

Meu poeta! Nó

O dia é mais frágil do que a flor;
Mais breve do que a vida
que há em cada pétala.
Às vezes, não sei como desatar
O nó singelo da poesia.
Meu amor tinha a ilusão de ser como o dia:
Auto-alimentar-se com a sua energia.
– Meu Deus!
Quanta engenhosidade há na poesia:
Mágoa e denúncia;
Amor e concupiscência,
Saudade e tristeza,
Nostalgia e agonia.
Às vezes, não sei como desatar
O nó górdio da poesia;
– Mas me digam quem saberia?

Até o fim – Dom Helder Câmara

Para mim, este é o mais belo poema de Dom Helder Câmara

Não, não pares.
É graça divina
começar bem.
Graça maior,
persistir na caminhada certa.
manter o ritmo…
Mas graça das graças
é não desistir.
Podendo ou não podendo,
caindo, embora, aos pedaços,
chegar até o fim…

Séculos de Escravidão: filosofia poética, de Julio Cezar dos Reis Almeida

  • A inspiração é como uma estrela cadente: surge e desaparece velozmente, mas é no coração ávido que a sua semente brota continuamente.
  • A obra está pronta dentro de cada homem, mas só os determinados são capazes de concretizá-la.
  • A tua obra é do tamanho do teu sonho: nenhum centímetro a mais, nenhum milímetro a menos.
  • O espírito da vitória é anterior à sua concretização. É este espírito que infunde a crença e molda o caminho que se deve trilhar para materializá-la.
  • A ideia está aguardando um motivo para se mostrar. Trabalhe por ela que ela trabalhará por você.

Do livro Séculos de Escravidão – Filosofia poética, de Júlio Cezar dos Reis Almeida. 1999.