Olha para dentro de você

Nesse finalzinho de 2009 quero muito refletir sobre esse belo poena de Carlos Drumond de Andrade.

Se você está com olhos bem abertos, experimente fechá-los…

Agora abra-os somente para o lado de dentro. Chegou a hora de visitar por uns instantes seu mundo interior.

Passeie calmamente aí por dentro de você, detendo-se longamente às boas imagens que você tem guardadas.

Não há qualquer problema em visitar o seu arquivo, ou o seu velho baú, desde que seja para buscar inspiração no passado, alimentar e dar força ao presente. Atenha-se ao que de mais precioso você viveu.

Alguém especial vem se formando e se moldando pelo tempo e pela história desse tempo. Você é feliz pelo sonho de criança que você vem cultivando dia após dia, ano após ano.

Se quiser abrir os olhos, abra-os bem e procure revelar a criança que ainda brilha em você. Agradeça. A vida continua. Hoje vai ser mais um dia na construção da sua história.

As cenas do dia que começa também vão ficar marcadas, e você poderá visitá-las. Hoje você escreve mais uma boa página nessa história.

Está no ar a criança que você sempre preservará dentro de si. Coração aberto, sorriso pronto, abraço fácil, beijo sincero.

Na rua, no trabalho, em casa, todo mundo vai notar que está diante de alguém muito especial.

Tricota o melhor que puder, um ponto de cada vez


Recebi este texto e achi muito apropriado para ao inicio de um ano novo. É do original “La garantie du Mohair des Bergers Cathares”
A vida é como um tricô
Deus te dá a lã e as agulhas
E te diz: Tricota o melhor que puder, um ponto de cada vez,
Cada ponto é um dia na agulha do tempo.
Depois de 12 carreuras de 30 ou 31 pontos
Terás 365 pontos,
Em dez anos, cerca de 3650 pontos…
Alguns são pelo direito, outros pelo avesso…
Há pontos que se perdem…
Mas que podemos recuperar…
A lã que o bom Deus nos dá
Para tricotar nossa existência
É de todas as cores:
Rosa como nossas alegrias, negras como nossas sofrimentos
Cinza como nossas dúvidas, verde como nossas esperanças,
Vermelha como nossos amores, azul como nossos desejos,
Branca como a nossa fé que temos Nele.
Quantos pontos caberão no tricô de tua vida?
Só Deus é quem sabe! 

Os poemas – Mario Quintana

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti…

Dia de Finados – linda mensagem!

Recebi essa mensagem de um amigo quando a minha mãe partiu; gosto muito dessa reflexão porque pra mim, ela representa simbolicamente essa passagem.

Imagine que você está à beira-mar… e você vê um navio partindo.

Você fica olhando, enquanto ele vai se afastando e afastando, cada vez mais longe, até que finalmente parece apenas um pontinho no horizonte, lá onde o mar e o céu se encontram.

E você diz: “pronto, ele se foi”. Foi aonde? Por onde estará passando?

Foi a um lugar que sua vista não alcança. Só isto.


Ele continua tão grande e tão bonito e tão importante como era quando estava perto de você. A dimensão diminuída está em você, e não nele.

E naquele exato momento em que você está dizendo “ele se foi”, há outros olhos vendo-o aproximar-se e outras vozes alegremente dizendo: “Ele está chegando!”.

Meu poeta! Julio Cézar dos Reis Almeida

Determinação

O futuro é generoso com todo aquele

Que tem coragem de ir ao seu encontro.

Ande com determinação
E com absoluta crença
Naquilo que tu queres construir.

Tenha pés largos de sonhos

E creia sempre em si mesmo.
Não te esqueças:

A vida não gratifica os indecisos,

Os fracos de vontade,
os espíritos vazios

E os tímidos que vivem a vida pequena
Pelo eterno medo de errar.

Saber Viver – Cora Coralina


Não sei… Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura… Enquanto durar!

A idade e a mudança – Lya Luft

(…)

 

Toda mudança cobra um alto preço emocional.

 

Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza.

 

Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.

 

Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.

 

Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.

 

Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.

 

Olhe-se no espelho…

Minha biblioteca. J. G. de Araujo Jorge

Conheci as poesias de J. G. de Araujo Jorge ainda na  adolescência. Gosto de todas, mas, algumas são especiais como Orgulho e renúncia, Meu céu interior e esta:

Minha biblioteca

Pátria e lar do pensamento,
porto do coração.
Minha loja de sonhos, mercado de emoções
onde faço pelas madrugadas a minha “feira”
para reabastecer meu espírito de realidades e ficções
e sobreviver.

Aí estão as prateleiras sortidas, estoques inesgotáveis
de fantasias a experiências
para a minha fome de conhecimentos, minha sede
de descobertas,
minhas ânsias de beleza.

É só estender a mão e colher o livro
como um fruto maduro que lentamente degusto
e, milagrosamente,
permanece inteiro, íntegro, intacto
entre folhas e flores
e surpreendentemente se renova e multiplica
em inusitados sabores.

Minha biblioteca
parque de papel e palavras
onde me perco em andanças e onde me reencontro
em tantos caminhos desconhecidos,
bosque de tantos livros, como as árvores
com quem Beethoven conversava
em seu bosque de Bonn.

Meus livros, companheiros pacientes e silenciosos
com quem dialogo horas sem conta,
que não discutem, não alteiam a voz
em tantas discordâncias inevitáveis,
e humildemente se fecham e se recolhem
a um simples gesto meu de impaciência, cansaço
ou de sono.

Minha biblioteca,
abrigo certo
oásis de águas e sombras
no imenso deserto,
que me faz decolar de tantas realidades
e planar como uma asa-delta
sozinho, sobre paisagens insuspeitadas.

Minha biblioteca,
pousada no caminho
onde me sento, a pensar,
e onde chego a esquecer que há um mundo
rosnando ameaças ao redor,
e adormeço como um menino
feliz..

As sem-razões do amor – Carlos Drumonnd de Andrade

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.