Tricô e poesia – Mate simples, por Isabella Vieira de Bem

Os fios tecem os dedos das tricoteiras.
Ágeis, os pontos correm carreiras
Nas tramas de todas as dores.
Nos dramas, em todas as cores,
Tece, o artesão, a fantasia,
Veste a barra do dia,
Cobre a nudez da noite
E as agulhas, pouco à vontade,
Assinam com ponto final:
Mate simples  

Blog tricot na veia

Uma prece ao melhor do teu ser, de Wagner Borges

Que esses escritos levem Amor ao teu coração.
Que tudo que é trevoso seja abraçado pela tua luz.
Que te encantes com o presente da vida.
Que tua alma seja curada na luz.
Que teus pensamentos sejam justos.
Que tuas mãos sejam curadoras.
Que teu trabalho te dignifique.
Que sejas querido na prece dos outros.
Que teu olhar revele o brilho do Eterno.
Que tenhas consciência da Sagrada Presença.
Que vejas sempre algo belo, mesmo em um dia cinzento.
Que não deixes passar um grande Amor.
Que teu coração seja generoso como o Sol.
Que teus passos sejam honrados.
Que a perda de alguém querido não te aniquile.
Que os reveses de tua vida sejam lições de sabedoria.
Que aprecies muitas canções, e te encantes com elas.
Que não tenhas medo de Amar.
Que tuas emoções não te sejam um fardo.
Que honres teus pais e teus ancestrais.
Que a chuva lave tuas mágoas e te renove o viver.
Que saibas te abrir, para a vida te dizer algo justo.
Que teus lábios estejam sempre fechados para queixumes.
Que, por mais que te atentem, não traias o teu coração.
Que saibas perdoar, aos outros e a ti mesmo.
Que tenhas sabedoria para corrigir teus erros.
Que o mal nunca faça morada em teu coração.
Que não valorizes aquilo que rebaixa o teu espírito.
Que nada te afaste da luz e do amor verdadeiros.
Que estejas sempre em um círculo de luz.
Paz e Luz. Amor e Presença.

Vivendo como as flores

-Mestre, como faço para não me aborrecer?

Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes.
Algumas são indiferentes.
Sinto ódio das que são mentirosas.
Sofro com as que caluniam”.
– “Pois viva como as flores!”, advertiu o mestre.
– “Como é viver como as flores?” Perguntou o discípulo.
– “Repare nestas flores”, continuou o mestre, apontando lírios que cresciam no jardim.

“Elas nascem no esterco, entretanto são puras e perfumadas.

Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável,mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas. É justo angustiar-se com as próprias culpas, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros o importunem. Os defeitos deles são deles e não seus. Se não são seus, não há razão para aborrecimento.
Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora.
Isso é viver como as flores.”

Sobre o tempo!

Tempo, sagrado tempo que carrega chaves de pesadas caixas entupidas de conteúdos.

Tempo, lento tempo que carrega a saudade que não se desfaz.
Tempo, corrido tempo que carrega momentos que não se repetem, que não param de se repetir, que se esvaem, que marcam, que passam.
Tempo, bondoso tempo que dura uma eternidade no instante de um alento.
Tempo, raivoso tempo que separa vidas em movimento.
Tempo, senhor tempo, vagando aflito, na exaustão do sempre, marcando épocas, deixando rastros, seguindo em frente.
Tempo, te chamam de passado, de presente, de futuro…te chamam de volta ou te pedem para ir. E num silêncio absoluto, sem dar ouvidos, segue tua sina.
Tempo, quanto desse teu mistério ainda resta em mim?
Retirado do blog  Pense Saúde: http://pensesaude.blogspot.com.br/

O que é milagre…

“Milagre é quando tudo conspira contra …mas Deus vem de mansinho e com um sopro leve muda o rumo dos ventos…” (Fernanda Gaona)

O lugar de ser feliz – poesia

Deus abriu a janela do mundo
e nela projetou o céu do cerrado.
Acendeu o diamante azul do dia na esplanada do destino.
As nuvens saem do chão,
numa explosão álacre de âmbar.
A lua é um pássaro de bruma na textura esvoaçante.
Pode-se descansar do mormaço num banco de concreto,
olhando o trânsito da Asa Sul,
na fronteira da 307,
à sombra das horas,
na liberdade da vida sem perigos.
Ninguém me perguntará onde moro ou o que faço
nesta quadra de Brasília,
em frente a uma biblioteca,
no espaço livre da vida.

Poema transcrito da antologia “Poemas para Brasília”, de Joanyr de Oliveira.

Márcio Catunda é escritor, poeta, compositor e diplomata brasileiro, autor de Noites Claras, No Chão do Destino, A Essência da Espiritualidade dentre outros.