De pétalas e palavras, de Dora Ramos

Pétalas caladas
futuro ressecado
pétalas prisioneiras
criando o perfil
de um perfume dispensável

Pétalas desgarradas

em novo cenário
pontilhado pelo vento,
pétalas falantes
girando pelo ar,
mistura cheiro de terra,
retalhos de flores e folhas,
fragrância de liberdade,
mesclando um perfil de vida.

Palavras trazem as pétalas de luz!

Pétalas passageiras!
Pétalas eternas!

   Dora Ramos é autora dos livros De volta ao Jardim –
 Reencontros, Contos contados e Terceiro Passo

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O brilho do olhar, de Nida Chalegre

Fortaleza?
Todos pensam que sou
que passo pelos problemas
com uma energia nata
com um sorriso nos lábios
com a alma intacta
mantendo o brilho no olhar
Nem pensam

imaginam sequer

que no escondido [AA1] do lar

na intimidade do quarto

ou na direção isolada do carro

a dor se transforma em lágrimas

vigorosas

pujantes

tão grandes

que parece que vão me afogar

São breves

não duram muito

fica apenas um gosto amargo

meu ser interno aliviado

os olhos lubrificados

e preparados para

em outra ocasião

mais lágrimas brotar

e justificar

aquele brilho no olhar!

 

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O livro, de Júlio Cezar dos Reis Almeida

_ Aprendi a conversar, lendo.
O livro estabelece
Diálogo fácil e franco.

_ Aprendi a ouvir, lendo.
O livro fala a cada frase;
Sua voz educa a mente
E amadurece os sentidos.

_ Aprendi o valor da boa companhia, lendo.
O livro faz brotar
O real sentido do companheirismo.
A verdadeira amizade!

_ Aprendi sobre o outro, lendo.
O livro revela
O universo particular do ser humano.

_ Aprendi sobre mim mesmo, lendo.
O livro nos remete a nós mesmos.
E este é o grande encontro da existência.

_ O livro é um dos mais belos pontos de encontro.

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Amar e não amar, de Julio Cezar dos R. Almeida

Amei e não amei
Bate baixinho o coração.

Amei… Amei em vão!
Não amei… Só me poupei de desilusão…

Amei e não amei…
Bate descompensado o coração…

Será que fiz bem… Não sei não!
Amar traz tanto desassosego…
Não amar só traz solidão…

Amei e não amei…
Canta o trem quanto chega à estação…

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Linguagens, de Dora Ramos

Meu coração
não entende a linguagem
que explica,
e calcula,
e conclui.

Meu coração

só entende palavras
que dizem
o quanto me satisfazes!

Meu coração ignora

outros nomes
que tu repetes
pois ele sabe
que nenhum outro nome
te amará assim.

E quando tudo isso

tu perceberes
chamarás pelo meu nome sim!

Meu coração não se engana:

completas tu a mim
completas eu a ti!

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Abraços, de Dora Ramos

Gosto muito de poesias e algumas são especiais como essa da Dora, do seu livro De Volta ao Jardim – Reencontros.

Abraços,
são toques desejados
são sonhos da alma
são descansos que acalmam
Abraços,
que dizem a um outro
o quão precioso
se tornou esse um
Abraços
que criam um universo
onde estejam dois corações
ocupando o mesmo espaço
Abraços,
perdidos?
desconhecidos?
esquecidos?
por falta de um abraço?
Abraço-te
com o meu olhar
com os meus versos,
com o meu nome
junto do teu
ocupando o mesmo espaço
Abraços!

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Ciência – Julio Cezar dos Reis Almeida

Ciência

Na minha breve existência,
Apenas para sonhar
Percebi em mim alguma competência.

Para as outras coisas,
Percebi apenas persistência.
Afinal, tudo na vida
Resume-se em trabalho, pão e paciência.

Mas para sonhar é preciso
Algo mais que consciência…

Isto sim, é que exige do homem a mais elevada
E a mais apurada das competências.

Para todas as outras,
Basta um pouco de trabalho, de pão e de persistência.

Afinal, nenhuma delas exige ciência

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