Meu poeta! Nó

O dia é mais frágil do que a flor;
Mais breve do que a vida
que há em cada pétala.
Às vezes, não sei como desatar
O nó singelo da poesia.
Meu amor tinha a ilusão de ser como o dia:
Auto-alimentar-se com a sua energia.
– Meu Deus!
Quanta engenhosidade há na poesia:
Mágoa e denúncia;
Amor e concupiscência,
Saudade e tristeza,
Nostalgia e agonia.
Às vezes, não sei como desatar
O nó górdio da poesia;
– Mas me digam quem saberia?

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Meu poeta! Julio Cézar dos Reis Almeida

Determinação

O futuro é generoso com todo aquele

Que tem coragem de ir ao seu encontro.

Ande com determinação
E com absoluta crença
Naquilo que tu queres construir.

Tenha pés largos de sonhos

E creia sempre em si mesmo.
Não te esqueças:

A vida não gratifica os indecisos,

Os fracos de vontade,
os espíritos vazios

E os tímidos que vivem a vida pequena
Pelo eterno medo de errar.

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Lição – Julio Cezar dos Reis Almeida

O menino estuda a lição,
Dividido entre o que aprende
E os sons da rua que lhes chegam pela janela.

A mãe faz tricô.
A vó cochila na cadeira de balanço.

O menino olha a rua.
A rua irresistível que o chama…

-Mamãe! Posso brincar?
-Agora, não! Primeiro termine a lição.
Terminei a lição.
Mamãe não faz tricô.
Vovó não cochila.

Fecho a janela para que o barulho da rua
Não acorde as duas que dormem
No tempo estático das lembranças.

-Mamãe, terminei!
-Vá brincar, mas não demore!
O tempo passou,
Mas as lições da existência permanecem inconclusas.

Hoje me pergunto:

-Onde estão as plantas da minha vó?
Os canteiros estão desfeitos.
-Onde estão os novelos de minha mãe?
A lã da existência acabou,
Mas deixou o amaro gosto do sol da saudade
Que teima em brilhar nas lembranças.

Se a lã do tempo tece o próprio novelo,
A lição da ausência
Aprende-se com nó na garganta

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Mãinha…

Escolhi uma poesia desse livro do meu marido, para homenagear a todas as mamães que passarem por aqui… Que Papai do Céu abençoe imensamente a vida de vocês…

Mãinha me dá uma lua!
Meu lindo a lua é muito grande
Toma as minhas mãos.
Mãinha me dá um sol!
Meu dengo o sol é muito quente
E pode queimar o teu coração
Toma a minha paixão.
Mãinha me dá um caminho!
Meu filho na vida há muitos caminhos,
Como saber aquele que tem a medida certa dos teus pés.
Fica com o meu coração
Durma e sonhe com a ilusão.
Mãinha, me dá um beijo e me deixa ficar no teu colo!
Vem meu filho, vem, vem dormir e sonhar,
Que eu te dou meus braços, meu calor
E minha proteção.

Mãinha…

 

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Lua Nua – poesia de Julio Cézar

Uma lua nua
Bailou no céu
De uma noite que cheirava a cravo e a mel.
Queria mostrar o seu encanto
Para isto se desfez do seu véu.
E nua,
Na noite pintada de breu,
Dançou para os olhos meus.
Testemunhas como eu,
Uma multidão de estrelas
Aplaudiu os passos seus.
Como palco,
A lua bailarina tinha o firmamento.
E como foco de luz,
Os meus olhos atentos.
A paixão louca
Entre a lua e o poeta
Durou pouco.
Porém, marcou o meu coração
Bem no fim do mundo.
Esse balé, rico de graça e de luz,
Ficará gravado na minha mente
A vida inteira.
Se te deu água na boca,
Feche os olhos,
Abra a caixa de sonhos e deixe a ilusão voar…
É assim que se aprende a amar.

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Brasil: pés descalços, dentes cariados – Julio Cézar dos Reis Almeida

Pingo D’agua

A vida é pingo d’água

Que dura pouco mais que a aurora.
Evapora sem demora.
Tão cedo chega, tão cedo vai embora.
Nem bem a gente começa a aprender,
Chega a hora.
A hora triste de ir embora.
Que gota preciosa
Esta que vai escrevendo a cada frase
A nossa história.
A humanidade deságua de um lado
E do outro lado evapora.
É chegar e ir embora,
A cada instante, a cada hora.

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