Borboletas, de Mário Quintana
No final das contas, você vai achar
não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!
Mário Quintana (1906-1994) foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro.
No final das contas, você vai achar
não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!
Mário Quintana (1906-1994) foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro.
Confesso que te adoro demais
Por teu perfil e carisma mil
Mesmo ausente, não te esqueço jamais
Musa do meu coração, musa do Brasil
Em tuas ruas de cores festivas
Do teu povo que é alegre conviva
Vejo nos rostos felizes e faceiros
O perfil de um povo brasileiro
Tudo em ti é grande demais
Palavra do teu filho amado
Sou de ti um valente soldado
Juro! Não te esquecerei jamais
Na vida, colhemos flores
E também alguns espinhos;
Para sermos vencedores,
São uteis os bons caminhos.
Gosto muito de poesias e algumas são especiais como essa da Dora, do seu livro De Volta ao Jardim – Reencontros.
“Deixe-me, deixe-me, fonte!”
Dizia a flor a chorar:
“Eu fui nascida no monte…
Não me leves para o mar.
E a fonte, rápida e fria,
Com um sorriso zombador,
Por sobre a areia corria,
Corria levando a flor.
“Ai, balanços do meu galho,
Balanços do berço meu!
Ai, claras gotas de orvalho
Caídas do azul do céu!”
Chorava a flor, e gemia,
Branca, branca de terror,
E a fonte, sonora e fria,
Rolava, levando a flor.
“Adeus, sombra das ramadas,
Cantigas do rouxinol!
Ai, festas das madrugadas
Doçuras do pôr do sol!
Carícias das brisas leves,
Que abrem rasgões de luar.
Fonte, fonte, não me leves,
Não me leves para o mar!…
As correntezas da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a da fonte e da flor

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti…