Borboletas, de Mário Quintana

Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de se decepcionar é grande.
 
As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui, para satisfazer as dela.
 
Temos que nos bastar… nos bastar sempre e quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém.
 
As pessoas não se precisam, elas se completam… não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida.
 
Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com a outra pessoa, você precisa em primeiro lugar, não precisar dela. Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente, não é o homem ou a mulher de sua vida.
 
Você aprende a gostar de você, a cuidar de você, e principalmente a gostar de quem gosta de você.
 
O segredo é não cuidar das borboletas e sim cuidar do jardim para que elas venham até você.
 

No final das contas, você vai achar
não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!

Mário Quintana (1906-1994) foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro.

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Minha alma tem o peso da luz, de Clarice Lispector

A minha alma tem o peso da luz.
Tem o peso da música.
Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita.
Tem o peso de uma lembrança.
Tem o peso de uma saudade.
Tem o peso de um olhar.
Pesa como pesa uma ausência.
E a lágrima que não se chorou.
Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros.
Clarice Lispector foi uma escritora naturalizada brasileira. Autora de vários ensaios,  crônicas, livros como Perto do Coração Selvagem, A descoberta do mundo,  A hora da estrela, Laços de família, Minhas queridas e muitos outros

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Bahia querida, de Juraci Rocha Silva

Encontrei essa poesia feita em homenagem à Bahia. Linda! “… confesso que te adoro demais, por teu perfil e carisma mil…”
Sumi…Para aumentar a saudade
Apareci para retribuir a felicidade
Gosto demais desse pedaço de chão
Sou marcado por teu amor no coração

Confesso que te adoro demais
Por teu perfil e carisma mil
Mesmo ausente, não te esqueço jamais
Musa do meu coração, musa do Brasil

Em tuas ruas de cores festivas
Do teu povo que é alegre conviva
Vejo nos rostos felizes e faceiros
O perfil de um povo brasileiro

Tudo em ti é grande demais
Palavra do teu filho amado
Sou de ti um valente soldado
Juro! Não te esquecerei jamais

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Viagem – José Saramago

A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse:

“Não há mais o que ver”, saiba que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava.
É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.

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Abraços, de Dora Ramos

Gosto muito de poesias e algumas são especiais como essa da Dora, do seu livro De Volta ao Jardim – Reencontros.

Abraços,
são toques desejados
são sonhos da alma
são descansos que acalmam
Abraços,
que dizem a um outro
o quão precioso
se tornou esse um
Abraços
que criam um universo
onde estejam dois corações
ocupando o mesmo espaço
Abraços,
perdidos?
desconhecidos?
esquecidos?
por falta de um abraço?
Abraço-te
com o meu olhar
com os meus versos,
com o meu nome
junto do teu
ocupando o mesmo espaço
Abraços!

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A Fonte e a Flor, de Vicente de Carvalho

Esta poesia é uma das mais lindas que conheço… 
“Deixe-me, fonte” – dizia
 A flor, tonta de terror,
E a fonte, sonora e fria,
Cantava, levando a flor.

“Deixe-me, deixe-me, fonte!”
 Dizia a flor a chorar:
“Eu fui nascida no monte…
 Não me leves para o mar.

E a fonte, rápida e fria,
 Com um sorriso zombador,
 Por sobre a areia corria,
 Corria levando a flor.

“Ai, balanços do meu galho,
Balanços do berço meu!
 Ai, claras gotas de orvalho
 Caídas do azul do céu!”

Chorava a flor, e gemia,
Branca, branca de terror,
E a fonte, sonora e fria,
Rolava, levando a flor.

“Adeus, sombra das ramadas,
 Cantigas do rouxinol!
 Ai, festas das madrugadas
 Doçuras do pôr do sol!

Carícias das brisas leves,
 Que abrem rasgões de luar.
 Fonte, fonte, não me leves,
 Não me leves para o mar!…

As correntezas da vida
 E os restos do meu amor
 Resvalam numa descida
Como a da fonte e da flor

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Meu poeta! Nó

O dia é mais frágil do que a flor;
Mais breve do que a vida
que há em cada pétala.
Às vezes, não sei como desatar
O nó singelo da poesia.
Meu amor tinha a ilusão de ser como o dia:
Auto-alimentar-se com a sua energia.
– Meu Deus!
Quanta engenhosidade há na poesia:
Mágoa e denúncia;
Amor e concupiscência,
Saudade e tristeza,
Nostalgia e agonia.
Às vezes, não sei como desatar
O nó górdio da poesia;
– Mas me digam quem saberia?

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Os poemas – Mario Quintana

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti…

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