A grandeza do mar, de Paulo Roberto Gaefke

A grandeza do mar, de Paulo Roberto Gaefke Você sabe por que o mar é tão grande? Tão imenso? Tão poderoso? É porque teve a humildade de colocar-se alguns centímetros abaixo de todos os rios. Sabendo receber, tornou-se grande. Se quisesse ser o primeiro, centímetros acima de todos os rios, não seria mar, mas sim uma ilha. Toda sua água iria para os outros e estaria isolado. A perda faz parte. A queda faz parte. A morte faz parte. É impossível vivermos satisfatoriamente. Precisamos aprender a perder, a cair, a errar e a morrer. Impossível ganhar sem saber perder. Impossível andar sem saber cair. Impossível acertar sem saber errar. Impossível viver sem saber morrer. Se aprenderes a perder, a cair, a errar, ninguém mais o controlará. Porque o máximo que poderá acontecer a você é cair, errar e perder. E isto você já sabe. Bem aventurado aquele que já consegue receber com a mesma naturalidade o ganho e a perda, o acerto e o erro, o triunfo e a queda, a vida e a morte. Retirado do livro “Quando é preciso Viver”  

Ser e estar, de Mario Quintana

A nuvem, a asa, o vento, a árvore, a pedra, o morto... tudo o que está em movimento, tudo o que está absorto... aparente é esse alento de vela rumando um porto como aparente é o jazimento de quem na terra achou conforto... pois tudo o que é está imerso neste respirar do universo - ora mais brando ora mais forte porém sem pausa definida – e curto é o prazo da vida e curto é o prazo da morte.

A linha e o nó, de Dorly Follmann

No fim Da linha um nó fininho que só! De que vale a linha sem nó? [um só!] E a linha puxando o nó com força, com raiva... andando por novos caminhos... E fura e une e amarra De um lado para o outro... E o nó na espera, escuta o roque dos dentes da linha Roendo o pano com fúria... [que dó!] E a linha fininha, fiando furando... se mata, segura, no furo passando... Retirado do livro Cantos de Cigarra: ensaiando primaveras, de Dorly Follmann, 2015.

A vida como um novelo de lã, de Ricardo Masstalerz

Perceba a sua vida como um novelo de lã. No percurso do desenrolar do novelo, a identificação e individualização dos nós, possibilitando o ajuste da lã, nas mãos hábeis do tecelão. Podem surgir ainda, neste desenrolar, possíveis emaranhamentos, interferências de outros novelos. Em toda esta jornada, ainda surgem pontos de nós. Não aparentes no novelo mas, ao encontrá-los, necessários desfaze-los. Podem também surgir algum desânimo e até a vontade de virar as costas, ao enxergar um amontoado de lã embolando no novelo. É natural! Mas o novelo não resolve por si. O hábil tecelão desenrola-o. Ajusta a lã e a prepara para tecer belas peças. E você? Nem precisa desenrolar o seu novelo. Só se tiver algo que queira realizar. Nem precisa, fazer isso de uma única vez. A tarefa pode ser gradativa. Como um hábil tecelão, empreenda os seus dias com paciência, persistência e determinação. Estas atitudes lhe direcionarão ao êxito. Se for isso que deseja. Faça o seu melhor todos os dias, já será suficiente. Não tenha medo. Nem fique paralisado pelo seu amontoado de lã, que possa estar enxergando. É por partes, gradativamente, que realizará o seu melhor.

Poema aos amigos, de Jorge Luis Borges

Não posso dar-te soluções Para todos os problemas da vida, Nem tenho resposta Para as tuas dúvidas ou temores, Mas posso ouvir-te E compartilhar contigo. Não posso mudar O teu passado nem o teu futuro. Mas quando necessitares de mim Estarei junto a ti. Não posso evitar que tropeces, Somente posso oferecer-te a minha mão Para que te sustentes e não caias. As tuas alegrias Os teus triunfos e os teus êxitos Não são os meus, Mas desfruto sinceramente Quando te vejo feliz. Não julgo as decisões Que tomas na vida, Limito-me a apoiar-te, A estimular-te E a ajudar-te sem que me peças. Não posso traçar-te limites Dentro dos quais deves atuar, Mas sim, oferecer-te o espaço Necessário para cresceres. Não posso evitar o teu sofrimento Quando alguma mágoa Te parte o coração, Mas posso chorar contigo E recolher os pedaços Para armá-los novamente. Não posso decidir quem foste Nem quem deverás ser, Somente posso Amar-te como és E ser teu amigo. Todos os dias, penso Nos meus amigos e amigas, Não estás acima, Nem abaixo nem no meio, Não encabeças Nem concluís a lista. Não és o número um Nem o número final. E tão pouco tenho A pretensão de ser O primeiro O segundo Ou o terceiro Da tua lista. Basta que me queiras como amigo Dormir feliz. Emanar vibrações de amor. Saber que estamos aqui de passagem. Melhorar as relações. Aproveitar as oportunidades. Escutar o coração. Acreditar na vida. Obrigado por seres meu amigo. Jorge Luis Borges foi poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta argentino. Autor de Ficções, O Aleph e O livro de Areia, História da eternidade, dentre outros.

Se cada dia – Pablo Neruda

Se cada dia cai, dentro de cada noite, há um poço onde a claridade está presa. há que sentar-se na beira do poço da sombra e pescar luz caída com paciência. Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto, mais conhecido como Pablo Neruda, foi um escritor e politico chileno. Livros como Crepusculário, Vinte poemas de amor e Uma canção desesperada, dentre outros.

Esperança, de Mario Quintana

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano Vive uma louca chamada Esperança E ela pensa que quando todas as sirenas Todas as buzinas Todos os reco-recos tocarem Atira-se E — ó delicioso vôo! Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada, Outra vez criança... E em torno dela indagará o povo: — Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes? E ela lhes dirá (É preciso dizer-lhes tudo de novo!) Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam: — O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...   Mario Quintana, poeta brasileiro, autor de vários livros como Rua dos Cata-ventos, Canções, Sapato Florido, O Aprendiz de Feiticeiro, Prosa e Verso, Nova Antologia Poética e muitos outros.

Asperezas, de Julio Cézar dos R. Almeida

Júlio Cézar dos R. Almeida é administrador, poeta e escritor. Autor de vários livros incluindo: Cecilianos, Adolescência, Raso.